Vai chegar ao Porto numa carroça de abóbora, perder um sapato antes da meia noite e, quando as doze badaladas soarem, irá correr muito para que o príncipe encantado não veja a transformação que os amigos ratinhos e a fada madrinha lhe proporcionaram. Ou então não. Será uma espécie de história da Cinderela (ou da Gata Borralheira, para os que ainda se recordam da versão original), mas agora adaptada aos tempos modernos. O fio condutor mantém-se, garante a produção, mas o produto final, esse, promete apaixonar miúdos e graúdos numa adaptação arrojada e surpreendente à modernidade. A 25 de Março, Cinderela XXI, quase genuinamente nortenho de elenco e produção, chega ao Teatro Rivoli para apaixonar e cativar. Durante duas semanas, todas as oportunidades para o comprovar serão imperdíveis, garante um dos produtores, Bruno Galvão.
La Féria abandonou-o, mas não é por isso que o Rivoli, Teatro Municipal vai deixar de acolher grandes produções de teatro musical. A prova está aí já à porta, com Cinderela XXI, uma produção genuinamente do Norte, com actores e produtores vindos directamente de Gaia e Porto. Bruno Galvão é um deles, que não hesitou em rechear a sua primeira grande produção com fortes nomes do género teatral. Dos “bastidores” fazem ainda parte João Ribeiro, produtor, Artur Guimarães, compositor, Patrícia Franco, encenadora, Liliana Moreira, argumentista e Joana Quelhas, coreógrafa.
Depois, no palco, são um forte número de actores e bailarinos, de entre os quais se destacam nomes como Catarina Pereira, Ana Luísa Queirós, Carolina Freitas, Diana Nogueira, Filipa Sininho, Inês Alves, João Guimarães, Luís Trigo, Márcia Pacheco, Paulo Ferreira, Renato Vieira, Rodrigo Sousa Machado, Susana Jordão ou Teresa Queirós.
A história, essa, promete. Uma cinderela “modernaça”, que não é uma princesa nem uma irmã criada, mas uma jovem rapariga que pretende ir a um casting para cantar ao lado da sua estrela rock preferida. A estrela de rock corresponde, no fim das contas, ao “príncipe” da história original. O cenário da peça não é o castelo, mas uma escola. A ideia é, segundo
Bruno Galvão, “conseguir chegar de forma mais eficaz ao público, passando a mesma mensagem”.
Com os mesmos valores, onde predominam “o sentido de justiça, de responsabilidade ou o bullying”, o cenário e o contexto adaptam-se, finalmente, aos novos tempos numa grande produção, não em termos de dimensão, mas de “vontade e dedicação”, conta o produtor, ao confessar que produzir um musical era já um velho sonho que partilhava com o colega de produção, João Ribeiro. Com o “abandono” de La Féria, o desamparo foi só o “click” inicial: “Tínhamos o sonho de produzir um musical há muito tempo. Achámos que estava na altura e conseguimos reunir a equipa que apelidamos de ‘sonho’, a equipa que queríamos. O Artur Guimarães, por exemplo, é um grande compositor, natural de Gaia, provavelmente um dos melhores do país”, explica o ex-actor de Filipe La Féria, presença assídua em todas as suas produções no Porto.
Dar vida ao Cindelera XXI pode ser ainda o primeiro passo de uma realização maior. Criar uma escola de teatro musical no Porto é, de resto, o grande objectivo da jovem equipa de produtores e técnicos, cuja experiência no teatro musical já conta com cerca de dez anos. “Quando o Filipe La Féria chegou ao Porto, a primeira coisa que disse foi que encontrou grandes talentos aqui. Ele foi embora e os talentos ficaram e querem continuar a trabalhar no teatro musical”, revela Bruno Galvão, confessando que a saída de La Féria deixou também um grande espírito de motivação entre os actores nortenhos.
Com música totalmente original, o Cinderela XXI tem estreia marcada para 25 de Março no grande auditório do Rivoli. As sessões, para o público em geral, serão aos sábados às 15h e às 17h e aos domingos às 17h. Durante a semana, decorrem duas sessões diárias destinadas ao público escolar, às 10h30 e às 15h. O espectáculo termina a 10 de Abril.
