segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Prémio artes e letras



No passado dia 6 de Fevereiro o Jornal Audiência distinguiu 19 personalidades na sua VII gala.
Neste evento que constitui um momento de referência de Vila Nova de Gaia foram laureadas inúmeras personalidades de diversas áreas, coletividades e instituições que mais se evidenciaram no ano passado.

Foi com surpresa que Bruno recebeu o prémio Artes e Letras.
“Foi uma grande surpresa. Gostei imenso e foi uma grande honra. Estou um bocadinho nervoso, é mais fácil ir para o palco e enfrentar o público como ator! É um privilégio reconhecerem o nosso trabalho quando o fazemos com paixão e acredito que há muita gente que devesse ser reconhecida na área artística, mas é muito bom receber um prémio de um jornal de Gaia”.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

BRUNO GALVÃO: DE ATOR A PRODUTOR

Há quem o classifique como o “próximo Filipe La Féria” mas Bruno Galvão está longe de concordar. Aos 27 anos, o ator e cantor, que trabalhou com La Féria durante quatro anos, estreou-se como produtor de musicais com “Cinderela XXI” e mais recentemente com “A Ilha do Tesouro”, duas produções que conquistaram os portuenses, principalmente a última, que levou mais de 25 mil espetadores ao Rivoli. Apesar de admitir que não tem sonhos por realizar, Bruno Galvão não esconde que deseja, neste novo ano, conseguir conciliar a sua carreira de ator com a de produtor, e confidenciou ao AUDIÊNCIA que
sonha com o dia em que poderá fazer teatro em Vila Nova de Gaia, numa sala de espetáculos “de respeito”.


Quem é o Bruno Galvão?
O Bruno Galvão é um jovem de 27 anos que gosta muito de teatro musical, que gosta muito da gestão de recursos humanos também e, neste momento, juntou as duas coisas e é produtor de espetáculos.

Mas começou como ator…
Sim, comecei como ator. Sou licenciado em Gestão de Recursos Humanos, é de família, sempre estivemos na área dos negócios e depois comecei a minha carreira como ator.

Como é que surgiu o mundo do espetáculo na sua vida?
O espetáculo começou há muitos anos quando me inscrevi na Academia de Música de Vilar do Paraíso em aulas de canto. Havia o coro ligeiro, que começou a fazer musicais, e foi a partir daí que nasceu a paixão pelo teatro musical. Comecei a fazer alguns trabalhos já profissionais, mesmo enquanto andava na faculdade e, quando terminei o curso, fiz um casting para o musical “Rent”, fiquei, e desde aí fiz mais um ou dois musicais e depois entrei para a companhia do Filipe
La Féria e trabalhei lá durante quatro anos. Fiz seis ou sete produções com ele.

Mal chegou à Academia de Música de Vilar do Paraíso percebeu logo que era este o rumo que queria dar à sua vida?
Não. No início confesso que foi um bocadinho pelos amigos, porque estava na moda estudar música e muitos dos meus amigos andavam lá. Então fui puxado por eles, mas depois fui-me
apaixonando por aquilo e estive, em 2004, nos EUA durante dois meses e foi aí que, depois de ver uma dezena de musicais na Broadway, decidi que era isto que queria fazer na vida. Sempre achei que era um sonho, mas depois tive sorte e tornou-se realidade.

E agora, vê-se a fazer outra coisa que não os espetáculos musicais?
Não.

Não pondera voltar a dedicar-se à gestão de recursos humanos?
Como também gosto muito dessa área empresarial e da gestão de pessoas e equipas consegui juntar isso através da produção de espetáculos, por isso, estou na mesma a exercer o que aprendi
academicamente, mas tem de ser no mundo do espetáculo, sem dúvida.

E como foi trabalhar com Filipe La Féria?
Foi uma ótima experiência a trabalhar ao mais alto nível. Principalmente com o primeiro musical que foi feito, o “Jesus Cristo SuperStar” que era, e é, o meu musical favorito, a interpretar uma
personagem (Pôncio Pilatos) por quem me apaixonei. Foi um espetáculo que me marcou, porque é uma personagem muito importante num musical muito marcante, tanto a nível da história do teatro musical, como para o teatro musical no Porto. E foi, se calhar, quando me convenci que
poderia viver disto.


E foi nessa altura que percebeu que também queria produzir os seus próprios espetáculos?
Eu já fazia há vários anos, mesmo enquanto trabalhava com o La Féria, alguma organização de eventos, fazia agenciamento de artistas e organização de pequenos festivais. Mas é claro que
sonhei em produzir um musical, só não pensei que fosse possível tão rapidamente e com a dimensão que está a ser feito. Mas não foi por causa do Filipe La Féria, embora me tenha ajudado, claro que sim.

Inspirou-o de alguma maneira? A sua forma de produzir tem alguma coisa a ver com o que aprendeu enquanto trabalhava com La Féria?
É diferente, porque enquanto trabalhava com ele estava concentrado na parte de ator e cantor. Claro que vi o que se passava, mas estava concentrado na minha área de representação.

Entre Março e Abril apresentou ao Porto o seu primeiro musical, “Cinderela XXI”.
Como foi a experiência?
Foi muito boa, acima das expetativas. Correu mesmo muito bem, daí termos sido convidados para fazer o espetáculo de Natal.

Houve alguma mudança em si e na sua forma de trabalhar desde a “Cinderela XXI” até à “Ilha do Tesouro”?
A grande mais-valia deste espetáculo são as pessoas com quem trabalho e o núcleo duro ficou desde o primeiro musical. Mas houve muitas coisas que melhoramos. Mal a “Cinderela XXI” acabou fizemos um balanço e vimos onde poderíamos melhorar e acho que foi bastante melhor
este último, até pela reação do público.

De facto, a “Ilha do Tesouro”, atraiu muitos espectadores. O balanço é positivo de certo…
É um balanço muito positivo. Artisticamente, o público gostou, mesmo as pessoas da área da música e do teatro ou do teatro musical, gostaram muito, respeitaram o nosso trabalho. E a nível
de espetadores esteve muito bem, acima da “Cinderela XXI”, mas também estivemos mais tempo em cena, embora não fizéssemos mais espetáculos porque na “Cinderela XXI” estivemos 17 dias consecutivos sem folgas com mais de um espetáculo por dia e agora conseguimos gerir melhor isso. Estivemos desde 26 de Novembro até 30 de Dezembro e chegamos perto dos 25 mil
espectadores, o que é ótimo para uma cidade como o Porto.

Quais são os próximos projetos?
Já tem ideia do que vai fazer a seguir ou agora é tempo de descansar e tirar umas férias?
Para já preciso de descansar uma semaninha que seja, também para recarregar energias e para pensar.

Mas vêm aí mais projetos?
Vêm. Não podemos parar nem, modéstia à parte, o público quer que paremos porque foi o que sentimos e o que nos pediram. Mesmo a classe artística do Porto - porque conseguimos vários
contactos dentro da área do teatro e de várias escolas artísticas do Porto - gostaram da nossa iniciativa, da nossa postura e da nossa forma de trabalhar e acharam interessante, até para a própria cidade do Porto, que nós continuássemos a trabalhar. E é isso que vamos fazer.

E já têm ideias para o novo musical?
Ainda não. Estamos nessa fase.

Mas não há nada que gostasse de tentar?
Não, ainda temos de discutir. É um núcleo de seis pessoas e é em conjunto que vamos decidir o que é melhor.

Têm receio de 2012, com o aumento de impostos e a crise de que tanto se fala?
Temos respeito. Sabemos que não é fácil, porque a subida de impostos também não é fácil para nós, mas não vamos deixa de trabalhar. Vamos é pensar muito bem no nosso orçamento, fazer um orçamento realista, mas não vamos deixar de fazer.

Então podemos contar com um espetáculo infantil para a Páscoa?
Não, na Páscoa não vamos ter, porque não temos tempo para preparar. Talvez para o Natal, mas isso não quer dizer que não possamos fazer dois, um infantil e outro para adultos. É um passo grande, mas que não está completamente fora de hipótese.

Tem algum sonho?
Neste momento não. Tive vários sonhos e sinto-me um privilegiado porque o que sonhei tornou-se realidade. Depois de fazer o meu musical - o nosso - estou bem. Sinto-me realizado. A única coisa que sonho é voltar ao palco.

A sua carreira de ator está momentaneamente parada. Pretende tentar conciliar com a produção?
Este ano foi difícil conciliar, fiz pequenas coisas, como uma curta-metragem e publicidade, mas não fiz teatro. Mas não pretendo parar.

Sente falta de estar em cima do palco?
Sinto, só que estive completamente concentrado nestas duas produções porque são duas produções num ano só e não dava para conciliar. Ainda cheguei a colocar a hipótese de fazer parte do elenco também, mas não dava, ou se faz uma coisa ou outra.

Mas agora vai continuar a parte de
produtor?
Vou continuar a carreira de produtor, mas posso ser produtor de outra forma. É algo que ando a discutir comigo próprio, de, se calhar, afastar-me um bocadinho de estar lá diariamente e conseguir estar em palco, não necessariamente num espetáculo produzido por mim.

"Gostava muito de poder fazer teatro em Gaia"

O que deseja para Vila Nova de Gaia em termos culturais?
Desejo que a cultura em Gaia acompanhe tudo o que Gaia tem feito porque, na minha opinião, Gaia tem-se afirmado como uma das principais cidades do país a vários níveis. E acho que se Gaia acompanhar culturalmente essa evolução que vai ser ótimo.

Mas um gaiense não acha que falta algo em Gaia para que o verdadeiro artista possa sentir orgulho na sua cidade?
Falta. Falta uma sala de espetáculos de respeito. Uma sala multicultural, que permita fazer vários espetáculos. O Auditório de Gaia é pequeno, o de Olival é maior, mas não tem as condições técnicas para se fazer grandes espetáculos. Falo de teatros com capacidades técnicas para receber grandes produções, para levar grandes cenários.

O Auditório Cultural já está a ser construído, embora neste momento as obras estejam paradas…
Pois, quem me dera que se tornasse realidade. Gostava muito de poder fazer
teatro em Gaia.

E já ponderou em propor esse sonho ao vereador da Cultura da Câmara de Gaia, Mário Dorminsky?
Sim, completamente. Respeito muito o trabalho do Mário Dorminsky e acho que ele não olha só para um tipo de cultura. Gosto muito dele porque sempre que vou ver alguma coisa ele está lá, é um ponto muito a favor. E depois sei que ele trabalha em função da cultura de Gaia e que promove isso. Se tenho feito produções no Porto é porque o Rivoli é, na minha
opinião, a melhor sala de espectáculos, mas se Gaia tivesse uma, sem dúvida alguma que estaria em Gaia. Aliás, 80 por cento da nossa equipa é de Gaia, por isso, sem dúvida nenhuma que preferia estar em Gaia.

Gaia apoia o Teatro Experimental do Porto (TEP). Acha isso uma visão de
futuro ou um empecilho ao desenvolvimento da cultura em Gaia?
Não acho um empecilho. Conheço e respeito o trabalho do TEP, e ainda bem que existe, pelo menos, uma companhia subsidiada. Mas, relativamente a subsídios, não percebo porquê, como não os tenho e consigo fazer e pagar a toda a gente, não vejo qual é a necessidade de
subsídios. Não sou contra os subsídios, quando eu os pedir e me recusarem para dar a outros aí reclamo, mas como nunca pedi não me choca haver companhias subsidiadas. Choca-me sim as pessoas deixarem de trabalhar e de fazer o que se deve fazer na produção porque existem subsídios. Se calhar, com subsídios cruza-se os braços e não se faz nada, espera-se que o dinheiro caia, quando se pode ter espetáculos muito melhores e, ao invés de fazer um, fazer-se
até dois com o valor que as companhias usam.



Por Joana Vasconcelos in Jornal Audiência.